Espírito Motor
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
  A Grande Virtude 5
A Grande Virtude 5


Transmutar Inveja

Um metal pesado na minha vida eu encontrei em todo meu corpo, por meu sangue vi rios de chumbo e eles nascem no olhar alheio, no coração de pessoas que querem o meu assado em suas vontades de justiça felina. São gatunos, querem roubar para si o que seus egoísmos gritam como fome, e é um som alto porém só ouvido por si mesmos como poética revanche, e o desafio entre os espécimes se dá ali na horinha menor do grande caso, basta uma coisa boa ser e ocorrer que se dá o conflito, e o coração do invejoso expreme-se em si mesmo, aperta até cuspir sangue e vem a dor interior, uma dor como um nó em cima de nó, dentro de tudo, no centro do homem, ali no ego, lá a inveja nasce como uma contração intestinal, até o ponto que aquela cólica cardíaca expulse num atrevimento vulgar idéias mesquinhas e maliciosas, ali, no ponto final de uma cena de bons ocorridos, bem dentro do serzinho a invejar nasce meu rio de chumbo.

Por todo meu corpo pesa uma força que diminui o valor do meu tempo, é o preço que pago ao não saber transmutar o metal pesado a me intoxicar, desagua por entre as décadas na idade do outro, chega em mim me fazendo menos valioso, mais pesado e mais comum, até o ponto que saio do céu da sorte, do bom ocorrido, e desço ao nível dos olhos a me derramar seu ódio em dose melada.

Mas com o tempo a gente aprende a converter o rio que desce em águas contrárias, e o chumbo nele se transforma em grandes pilares na direção de meu céu, e me sustentam por lá, aprendi a transmutar o metal pesado, acrescentando um pouquinho de luz na nascente do rio, aprendi a despertar com criatividade - minha pedra filosofal - a sanha de quem me odeia a me amar, para isso uso um coração leve e desatado, e do lado de cá dessa ponta de rio, eu mudo a direção das águas e refresco quem antes me sufocava em amarguras escondidas, reclino-me um instante, roço os pelos ariscos do gatinho ao redor de minhas pernas, divido com ele meu copo de leite, e converso com sua fome tentando compreender a minha, e assim fico leve, pois leve a gente levanta os significados, ganham de nós o pedacinho de céu onde estou, e ficam inchados de luz.

Em ouro transmuto tudo que era chumbo, ao gato ofereço uma escada dourada até mim, somo a essa conquista mais um coração despertado, e com o tempo um rio tranquilo refresca as horas por aqui.

Inveja convertida em admiração e tudo que vou possuir.
 
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Olá! Eu sou um professor dos anos iniciais do ensino fundamental. Minha principal estratégia de educação é considerar a construção do conhecimento como uma relação entre dois grandes universos, que eu prefiro chamar de mundos, o exterior e o interior.

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