A Grande Virtude 7
A Flauta
Eu conheço a loucura de todos os Ventos, e ela é a alma deles. Grande é a virtude que reúne todas as outras no mesmo significado, e eis a sétima delas. Os ventos correm mundo a fora num desespero sem igual, e chegarão a nenhum lugar se não encontrar o que tanto querem, e querem ser melodia e musical, querem todos eles encontrar o instrumento em si mesmos para ouvirem sua voz mais funda, querem descobrir o significado de ser uma obra original, mas o assobio do vento não é suficiente para si mesmos, e correm, correm, a se perder no caminho, e dissolvem-se sem perceber o mortal veneno de seu desejo, guardam sem saber o perigo das grandes viagens, em céu, terra ou mar, e o desespero do vento faz o mundo como conhecemos, mas eu quero ser a sua virtude, quero que por mim eles passem e eu entenda tudo no certo tempo, e é entender tudo no certo tempo que me faz conhecer a alma da maior virtude, estou falando de com meu fôlego e suspiro ser eu minha flauta, todos os ventos saem em procura, saem desesperados procurando por ela, são palavras vindo de mim por todos lados, possibilidades fazendo caravelas seguirem por rotas ancestrais, são mares consumindo barquinhos em tempestades, pela flauta os ventos ficam loucos, e os Ventos são a única ansiedade do mundo que não sabe de onde veio e nem pra onde vai, porém é pela falta dela que põe-se a movimentar.

Quero ser eu minha flauta, e por mim somente as palavras na melodia certa permitirei passar.

Eis a gaiola querida de todos os ventos, e também a virtude maior: uma flauta para tempestades e suspiros virem e irem no assobiar.  ¶ 18:14