Caça às Bruxas
Caça às Bruxas
Uma multidão de olhos fez as últimas saias da grande fogueira, ao redor de uma mulher feiticeira dezenas procuravam seus lugares para o espetáculo, e por fim, como em toda natureza, eis que o fogo foi aceso mas já depois de todo incêndio moral ter se alastrado pelos dias, até culminar no centro da festa com um cadáver assado ao tempêro das exigências.
E eu que coloquei no centro de tudo a mim e os adjetivos, coloquei no eixo de todos os problemas a razão de todos eles: a classificação dos entes e dos fatos.
Em fogo brando levei todos os dias, em cada palavra com sua característica eu queimei com emoção as pessoas dentro e fora de mim, não com proferir apenas, mas com a reflexão íntima e veloz do corriqueiro, e lá no centro de tudo, queimava a feiticeira.
A palavra que torna tudo encantado e amaldiçoado deve pagar por seus pecados, antes ela do que eu, e eu a vi, assar e assar-me em um folclore de exatidões, criando juízes nas bordas de suas roupas, que aos poucos - de tão pesadas - viraram presídio e julgamento, por todo sempre, a cada instante.
Eu vi a bruxa e suas magias pesadas.
Em cada palavra há sedução, repúdio e julgamento, como tantas outras bordas de problemas e maravilhas, mas nos adjetivos isso não existe começo ou fim, carregar qualquer um deles é ser centro de uma empreitada, e o fogo arde sem se ver, eu conheço hoje o motivo dos meus dias, é o de caça, quero amarrada às lenhas do meu ato, o sentido e o significado, o tom e a orientação de tudo, o amor fulmina os adjetivos.
Eis que depois dessa festa santa, serei nada e tudo, serei no vazio de ser simplesmente ato, a pontência absoluta do sagrado.