Espírito Motor
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
  Imagens
Imagens

Eu só tenho um conteúdo, e este é minha sensação de tempo, um monte de imagens e suas temperaturas guardadas no mesmo lugar onde estão meus sentimentos, eu quase sempre penso ser esse lugar meu peito, não sei porquê, mas sinto realmente tudo vir de dentro dele, mesmo os pensamentos, é claro, eu sei muito bem que eles vão surgindo da mente, mas eu posso garantir pelo menos pra mim que é no centro do corpo por onde surge a visão do que meus órgãos sensoriais irão compreender.

Quando converso com alguém sei que é ali onde estarei mais ativo, uma sensação de ser porteiro nesse evento se instala, quando converso com alguém pareço cuidar ou descuidar de portas bem no meio do peito, e as sinto, sinto abertas e fechadas, quando trancadas o meu peito parece amarrado por linhas cirúrgicas, e isso dói, quando abertas sinto medo, mas ao mesmo tempo uma sensação refrescante. Mesmo quando as Imagens vão me levar para um inevitável problema, eu ainda assim permito, e a sensação de escoamento para fora de mim se torna um prazer perigoso.

Não gosto de trancar as Imagens dentro de mim, elas são criadas ou absorvidas durante os dias, vão se formando e se armazenando conforme as coerências que se amarram, e isso me dá prazer, mesmo quando a liberação delas culminam em alguma encrenca.

Dizer o que pensa ou que sente é um erro, a sociedade é construída sobre vários protocolos, e isso é importante, ser crú e bruto pode arruinar o valor do alimento, e essas imagens querem sair de mim antes que minha habilidade possa manipulá-las.

E eu sinto várias imagens dentro do meu peito, são até de lugares que não visitei pessoalmente, talvez originadas em sonhos ou por meio deles resgatadas sabe-se lá de onde, essas Imagens controlam minha vida mais do que eu ou a educação a qual fui submetido desde sempre.

As Imagens que tenho no peito são como moldes, e eu nem sei onde começa ou termina o traço delas, elas vão aparecendo conforme o fato, normalmente um segundo antes ou um segundo depois do que é dito ou ouvido, e elas fazem da minha vida o que elas forem.

Tenho muitos medos dessas Imagens, e ao mesmo tempo uma cumplicidade familiar, pareço sequestrado por elas, e elas donas de mim governam um corpo tentando respeitá-las, mas nem sempre consigo ir à frente com que sai, e elas me punem uma hora ou outra.

Estou certo que minha identidade que levo no bolso é mero rótulo do meu conteúdo, e meu conteúdo é minha idéia de tempo, e essa idéia é o que carrego dentro de mim como mapas, filtros e panfletos, sejam álbuns de aventuras ou diário cheio de segredos, eu guardo elas comigo, essas Imagens não me conhecem, elas me determinam, confusas entre si, variadas, cheias de conexões graves ou limitadas, essas Imagens marcam meus passos no segundo antes ou no segundo depois de tê-los a mim dado.

Que Imagens sou eu?
 
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Olá! Eu sou um professor dos anos iniciais do ensino fundamental. Minha principal estratégia de educação é considerar a construção do conhecimento como uma relação entre dois grandes universos, que eu prefiro chamar de mundos, o exterior e o interior.

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